"Discutir o lugar das Baianas de Acarajé na Copa ou em qualquer outro evento é uma questão relacionada à identidade do povo brasileiro", Márcio Griô.
A Fifa proibiu a venda de acarajés na copa do mundo. O quitute mas famoso da Bahia vai ficar de fora por sua venda ser considerada como comércio ambulante.
Segundo as regras da Federação de Futebol, os vendedores ambulantes devem estar afastados pelo menos à 2km das praças do jogos e não concorrem com os hamburgueres da McDonald’s, patrocinadora oficial da Fifa.
Na sexta-feira (05), diante da polêmica que se instalou diante da proibição, a Fifa divulgou uma nota esclarecendo as dúvidas de comercialização de produtos na Copa do Mundo.
Segundo o comunicado, o acarajé estará presente nos tabuleiros das baianas, faltando apenas ser definida qual a concessionária brasileira que irá ficar responsável pela venda e distribuição dos alimentos
Confira a nota na íntegra:
Oferecer alimentação para os aproximadamente três milhões de fãs brasileiros e estrangeiros que assistirão aos 64 jogos nos 12 estádios em todo o Brasil, é um tarefa operacional enorme. Para se ter uma ideia do volume nas últimas duas edições da Copa do Mundo da FIFA, cerca de 4 mil funcionários serviram em 2006, nos 12 estádios, aproximadamente 1 milhão de litros de cerveja, 5,5 milhões de litros de refrigerante e 709 mil salsichas alemãs, e, em 2010, nos nove estádios, foram servidos 600 mil litros de refrigerante, cerca de 800 mil litros de cerveja e 390 mil cachorros-quentes.
Também é importante que os fãs de futebol encontrem os mesmos preços e qualidade em cada um dos estádios e possam provar, ao mesmo tempo, sabores locais e clássicos internacionais. Isso só poder ser garantido através da nomeação de uma concessionária principal, que garanta os mesmos padrões de qualidade em cada um dos estádios com o objetivo final de oferecer um bom serviço e uma interessante experiência no que diz respeito à comida e à bebida para todos os espectadores. Para a FIFA, é importante que sejam servidas especialidades locais em cada estádio. Incluir no cardápio um toque regional faz parte das instruções apresentadas no documento do processo de licitação em curso, que definirá a principal concessionária brasileira.
Na documentação da licitação (que está disponível no FIFA.com:
http://pt.fifa.com/mm/document/tournament/loc/01/57/49/58/phase1ofitt2014.pdf), a FIFA pediu que cada licitante comtemplasse no cardápio um produto da culinária regional em cada estádio. Isso vai refletir a diversidade das regiões no Brasil também a partir de uma perspectiva gastronômica. Ressaltamos que a maioria das propostas recebidas pela FIFA até o momento sugere a venda de acarajé em Salvador. A nomeação da concessionária principal está programada para ser finalizada no próximo mês, por isso só poderemos oferecer mais detalhes a respeito depois disso.
A FIFA e o Comitê Organizador Local estão trabalhando com as sedes para encontrar soluções sociais viáveis para os vários setores das cidades, já que a Copa do Mundo da FIFA oferece muitas oportunidades nas mais diversas áreas de negócios.
Em revolta a decisão, o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Márcio Caires (Griô) divulgou nota, através do site da Secretaria de Cultura da Bahia.
Discutir o lugar das Baianas de Acarajé na Copa ou em qualquer outro evento é uma questão relacionada à identidade do povo brasileiro. O discurso de inclusão social desloca os saberes das tradições orais para um lugar de subalternos e excluídos, como se eles precisassem de atos salvadores e assistenciais pra inclui-los num mundo organizado por uma lógica neoliberal.
Somos aprendizes das tradições, e esse sentimento ressignifica a nossa identidade e visão de mundo. Portanto, proponho uma inversão: a questão é saber como a FIFA vai incluir os empresários no contexto tradicional dos jogos da Fonte Nova, regido por amendoim, capoeira, acarajé, pipoca, picolé, samba, futebol, ginga e muita malícia. Devemos considerar que estes sim são os atores principais para os quais devem ser direcionadas as maiores fatias dos bolinhos da economia criativa da cultura. O ofício das Baianas de Acarajé já tinha o título de Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN, e o Conselho Estadual de Cultura da Bahia aprovou por unanimidade, em setembro de 2012, a sua inscrição no Livro Especial de Saberes e Modos de Fazer do Estado. Minha saudação aos nossos antepassados dos tabuleiros! E o meu acarajé é com pimenta!
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